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Vejam o que os estudantes do Creas Pop da EMEF
EJA Admardo Serafim de Oliveira estavam fazendo para serem abordados
pela polícia Militar dentro do MUCANE!!!! Como diria Albert Einstein
"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito".
Diante de tamanha violência simbólica, desrespeito, racismo e
discriminação, só nós resta a indignação e as manifestões públicas. | |
Estudantes em situação de rua da EMEF EJA ASO são violentamente reprimidos e expulso por policiais militares dentro do Museu Capixaba do Negro na manhã desta quarta-feira(5). A única razão do triste ocorrido é simplesmente o fato de serem pobres, negros e populares de rua. Ironicamente, a ação truculenta da policia ocorre dentro de um espaço público e que valoriza o Negro.
Segue abaixo a Carta Pública emitida pelo Diretor Carlos Fabian da EMEF EJA ASO que relata o ocorrido e repudia a atitude dos policiais e se envergonha da própria categoria, que considera racista e classista.
Companheiros de Luta,
Por favor leiam e divulguem
A EMEF EJA ADMARDO SERAFIM DE OLIVEIRA ESTÁ COM VERGONHA E PEDE DESCULPAS AOS SEUS ESTUDANTES EM SITUAÇÃO DE RUA
“Não é que eu vou fazer igual, eu vou fazer pior!” (Titãs)
Hoje nos sentimos envergonhados!Envergonhados por fazer parte de uma
rede cujo parte considerável dos profissionais da educação são tão
racistas e classistas. Envergonhados com a
repetição das práticas de racismo nos diferentes órgãos públicos de
nosso Estado. Envergonhados por sermos servidores de um Município, que
com a ajuda da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo trata a
população de rua a base de porrada, jato d'agua e sabão em pó. Sentimos
vergonha de sermos munícipes de uma Capital em que negros e pobres não
acessam os espaços públicos, pois são impedidos com práticas sutis, mas
extremamente eficientes de frequentarem e permanecerem nas Unidades de
Saúde, nos teatros, nas escolas, nas feiras , nas exposições, nos museus
e outros.
E por falar dos museus, cabe destacar que nossa
motivação na escrita deste texto foi justamente um fato ocorrido hoje,
05 de novembro de 2012, no Museu Capixaba do Negro. Fato este que
explicitou o quanto ainda temos que lutar, em cada segundo e espaço de
nossa vida, contra as diferentes formas de violência sofrida pelas
camadas populares de nosso País.
Pela manhã, a EMEF EJA Admardo
Serafim de Oliveira estava orgulhosa por ser selecionada para receber a
Homenagem Olga Maria Borges. Para quem não sabe, esta importante
homenagem é concedida pela Secretaria Municipal de Educação às Escolas
que desenvolveram práticas de educação antirracista e que buscam em seu
cotidiano implementar a Lei 10 639/2003.
Com dois anos de
história, nossa Escola tem se dedicado em pautar nas suas práticas
pedagógicas a necessidade de repensarmos nossas atitudes racistas,
homofóbicas, sexistas e fundamentalmente classistas. Por este motivo é
que esta homenagem representava algo muito importante para o coletivo
docente e fundamentalmente para os nossos educandos.
Com o
objetivo de socializar nosso trabalho e nossa alegria, confeccionamos
uma “linda” instalação com trabalhos dos(as) educandos(as), com fotos,
pinturas e esculturas. Ao entrar na instalação, qualquer pessoa
perceberia uma vibração, resultante de um trabalho articulado e
coletivo.
Para celebrar este resultado escolhemos duas turmas
para visitação. A primeira composta majoritariamente por senhoras
idosas, que estudam no CRAS de Andorinhas. A segunda composta por
pessoas em situação de rua, estudantes matriculados que estudam no CREAS
POP, localizado no Bairro Mario Cypreste.
Os estudantes
chegaram ao espaço em carro oficial e acompanhados por professores da
Escola. Após passarem pelas exposições, apenas os estudantes do CREAS
POP foram abordados por dois policiais militares de forma violenta que
afirmaram que os mesmos não poderiam permanecer no local. Ao perceber o
que estava acontecendo, a Direção e demais profissionais da Escola foram
até os policiais e indagaram acerca do ocorrido. Os mesmos informaram
que receberam um chamado da vigilância do Museu e por isto resolveram
“abordar” os possíveis “infratores”. Segundo o vigilante, os estudantes
estavam descalços e olhavam de forma diferente para sua arma. Afirmou
também que sua ação foi chamar a Guarda Municipal e que esta sim, chamou
a Polícia Militar.
A posição da EMEF EJA Admardo foi
imediata! Após demarcar publicamente nossa indignação caminhamos em
marcha até o CREAS POP e lá a Direção da Unidade juntamente com os
professores, pediu desculpas formais aos estudantes e reafirmando, que
custe o que custar, nossa luta pela garantia dos direitos
constitucionais vai continuar. Estaremos mais fortes do que nunca! Não
faremos igual, faremos pior! Não descansaremos! Vamos marchar, nos
mobilizar, denunciar e gritar para o mundo inteiro ouvir: TEMOS O
DIREITO DE SER RESPEITADOS!
Sinceramente, o nó na garganta
ainda não passou. Esperávamos uma pequena reação inicial por parte das
pessoas, pois já passamos por situações constrangedoras em alguns
espaços visitados com nossos estudantes. Porém, não imaginávamos que um
episódio tão desrespeitoso pudesse acontecer em nossa casa. Nossa
triplamente casa! Triplamente pois estávamos em um espaço público, em
uma atividade da educação e no Museu do Negro.
Será que o Museu
do Negro se relaciona com os negros que não são intelectuais ou
militantes? Será que o Museu do Negro se identifica com a população de
rua, majoritariamente negra? Não sabemos! Ou sabemos e não temos ainda
coragem de dizer?
Finalizamos reafirmando nosso compromisso e disposição para a luta.
Com muita vergonha nos despedimos,
Carlos Fabian de Carvalho
Direção da EMEF EJA Admardo Serafim de Oliveira
Vitória, 05 de dezembro de 2012